02 maio 2014

O estranho mundo que se oferece para as crianças


Gosto de frituras mas confesso que não tenho mais aquela paixão louca por esta categoria.
Evito.
Na verdade, há muito tempo não tenho feito a menor questão.

Assisti ao programa a Revolução da comida do Jamie Oliver há muito tempo atrás e hoje me peguei lembrando dele. É uma série de programas onde este chef muito famoso na TV se propõe a substituir a alimentação servida nas escolas britânicas que em geral gira em torno de pizza, hamburguer, iscas de peixe e batata frita é claro. 

Ele questiona o fato de alimentos saudáveis nem entrarem na linha de serviço. Recebe como explicação que é uma economia de recurso, pois como as crianças não comem coisas saudáveis (como saladas, legumes e frutas) eles teriam que jogar esses alimentos no lixo, ou seja jogar dinheiro no lixo.

Indignado com pensamento tão limitado ele começa a fazer várias experiências para introduzir alimentos mais saudáveis no ambiente escolar. Não assisti a série toda, mas de um modo geral vi que inicialmente foi grande a frustração ao ver o quanto novos alimentos eram recusados. Mas não desistiu, foi testando novas receitas, novas texturas, maneiras interessantes de apresentação (visual) do prato proposto, agiu como iminência parda (tentando fazer com que alunos mais influentes provassem a nova comida e a partir daí fossem imitados por outros alunos, que os admiravam e/ou eram mais influenciáveis).


Essa situação me fez lembrar quando em viagem cheguei em um restaurante self service em uma segunda rua da praia e queríamos jantar, fomos informados que o restaurante ia atender uma excursão formada por alunos (08 a 12 anos) que enchiam vários ônibus, só nos aceitaram porque éramos um grupo pequeno e chegamos meia hora antes dos alunos/turistas.

Fomos nos servir e estranhamos que não tinha nada de salada, nem um tomatinho. E olha que era um restaurante bacana. Os funcionários explicaram que no contrato que fizeram os professores responsáveis pela excursão falaram pra não colocar salada pois seria desperdício pois eles não comem mesmo e se houvesse desperdício a conta ficaria (corretamente) mais cara.

Eu sei que no caso brasileiro, teoricamente era um momento especifico, acho que uma semana, então tem-se a desculpa que durante a viagem eles podem relaxar e comer porcaria sem culpa, mas ainda assim achei tão absurdo aquela linha de serviço com a paleta de cores tão limitada (branco, creme, amarelo, marrom).

Lembrei do Jamie Oliver na hora.
O que ficou bem evidente pra mim é que não basta dizer pra alguém, principalmente para uma criança, que ela tem que comer algo mais saudável para que ela se convença e vá lá e coma. Mas se tirar a oferta pensando "ah, ele não come mesmo" obviamente a pessoa nunca vai comer por conta própria algo mais saudável. Pois lhe é retirada até a chance de querer experimentar algo que viu.

É necessário insistir, mudar a proposta, sempre buscar maneiras diferentes de introduzir outros alimentos, para que as pessoas não só comam coisas mais saudáveis, mas possam desfrutar dos prazeres de um leque variado de aliamentos. 

Pois sim um paladar que só é apresentado diariamente aos mesmos quatros alimentos (pizza, hamburguer, iscas de peixe e batata frita) é no mínimo subaproveitado.

Gosto de pizza, hambúrger, iscas de peixe e batata frita.
Mas gosto de mais um montão de coisa.
E no mundo de eterna experimentação que me proponho, volta e meia descubro novos alimentos com sabores maravilhosos.

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