02 maio 2009

Chouriço ou morcela

Nunca tinha experimentado essa espécie de linguiça preta feita a base de sangue de porco e temperos, por pura falta de motivação.
Já tinha ouvido falar (muito mal), sobre como são nojentamente feitas todas as linguiças (eu adoro linguiça) e segundo os criticos essa seria a pior delas.

Resolvi arriscar provar uma unidade dessa iguaria feita no restaurante Fogo de chão. Não sei o que dizer. Não achei nehum "Que delícia! Quero comer sempre!" nem nenhum "Eca! Não como isso nunca mais". O tempero era bem suave então o gosto não era forte, ouso até dizer que era fraco. O recheio me pareceu uma pasta com a consistência do feijão batido, mas com sabor leve.


Encontrei esse relato que achei interessante postar para explicar como o Chouriço ou Morcela é feita, embora Otto von Bismarck diga que não é bom sabermos como são feitas as leis e as salsichas, vai aí pra quem tem coragem:

"Minha avó preparava e nós comíamos quente,(é muito saboroso) assim que saía do caldeirão. Antes de matar o porco meus tios davam um banho nele com água, escova e sabão, deixavam-no bem limpo. A mesa de matança também muito limpa. Minha avó ficava esperando, assim que os homens cravavam-lhe a faca bem afiada embaixo de sua axila Esquerda em direção ao coração, viravam o porco e deitavam-no sobre a bacia limpíssima , e alí o sangue do animal escorria. Então minha avó, logo ia para dentro da casa com o sangue na bacia, onde estavam todos os temperos prontos: muito alho amassado, cebola picadinha, sal, cebolinha, salsinha, pimenta do reino, outras folhas verdes como favaca, louro, um pouquinho de alecrim, e tudo era misturado ao sangue e logo mexido antes da coagulação ,com uma colher de pau. Minha avó ficava mexendo aquilo e esperando, porque lá fora, iam raspando os pelos do porco com faca bem afiada e jogando-lhe água bem quente. Assim que abriam o animal e lhe retiravam as visceras, já cortavam um bom pedaço de toucinho e alguém levava para dentro, e as tias cortavam esse toucinho em pedacinhos bem miúdos, que misturavam ao sangue temperado. Ainda lá fora, as primas e primos (família muito grande) reviravam as tripas do corpo ao avesso com ajuda de uma varinha, em uma bacia com água, e depois de bem limpas, eram colocadas em outra bacia grande cheias de suco de limão rosa, e com as mãos iam esfregando limão e fubá até ela ficar bem limpa e livre de qualquer viscosidade. Lavavam-na até não ter nada, nem visco e nem cheiro, e depois levavam para dentro, e minha avó amarrava uma extremidade da tripa, enfiava um funil na outra extremidade e ia enchendo com o sangue temperado, e a casa 20 cm mais ou menos amarrava novamente com um barbante, e assim ia, tripa a tripa preparando o chouriço. No fogão de lenha aceso com muito fogo,em caldeirões com água acima da metade, e bem quente, iam colocando os chouriços (para nós italianos- churiço-) e lá ficava fervendo bastante, cozinhando bem. Minha avó mexia de vez em quando, e quando bem cozido retirava e colocava nas bandejas, para nosso regalo. Cheiro e sabor, deliciosos. Todos se reuníam na mesa..."

Nenhum comentário: